Na área da educação física é sempre importante basear a montagem dos programas de treinamento em pesquisas publicadas em revistas científicas, isso garante que o treino será eficiente e seguro para os praticantes. Mas será que isso sempre é possível?
Como o treinamento funcional é algo relativamente novo, não temos muitos cientistas seguindo essa linha de pesquisa, o que faz com que esse tipo de treino dependa muito da experiência pessoal de cada treinador, em outras palavras é uma método de treino que se baseia no empirismo.
Eu acredito que o empirismo é importante pois é através dele que os pesquisadores vão atrás de mais informações. Funciona mais ou menos assim: Um louco começa fazendo um agachamento em cima de uma bola suíça, outros loucos acham legal e começam a copiar, estes indivíduos aparentam ter um beneficio fazendo isso e outros começam a fazer, quando muita gente começa a fazer aparece um cientista que resolver verificar se o exercício realmente funciona ou não. Pode ser que não seja exatamente assim que ocorra, mas quero dizer é que normalmente é necessário tem algumas pessoas fazendo para depois se pesquisar sobre o assunto.
Nos treinos tradicionais, isso é possível. Bases de pesquisa cientifica como: pubmed, scielo e bireme tem centenas de artigos relacionados com treinos de força. Mas quando se trata do treinamento funcional isso não é tão amplo. Nos últimos anos a quantidade de artigos relacionados ao treinamento funcional aumentou muito, mas a quantidade ainda é bem pequena para e ainda há muita divergência nas informações.
Mesmo com um numero reduzido de artigos diretamente relacionados com o treinamento funcional, ainda podemos buscar pesquisas com temas relacionados, entre eles: propriocepção, equilíbrio, bases instáveis e por ai vai. Com essas palavras chave conseguimos aumentar o embasamento teórico dos treinos funcionais.
O verdadeiro problema de tudo isso é que com o treinamento funcional alguns professores baseiam a montagem do treino no achismo, explico melhor. Acha-se que o exercício funciona, ou se cria um exercício difícil (já falei sobre dificuldade de exercício e efetividade do mesmo), sem ao menos testar com ele mesmo. Como isso temos exercícios que não são exatamente os mais eficientes e com um grande risco de lesões. O mesmo pode-se dizer do youtubismo, neste caso o profissional simplesmente assiste alguns vídeos, agrupa uns exercícios e já monta um treino, sem ao mesmo testar e ver se aqueles exercícios fazem sentido juntos ou não.
Eu não sou contra os vídeo de exercicios no youtube, até por que eu mesmo já coloquei vários, o que acho errado é passar isso para alunos/clientes sem ao menos testar em você mesmo, e não é só fazer uma seção de treino mais testar-lo por pelo menos 1 mês. Eu por exemplo, não escondo que gosto de crossfit, no entanto só comecei a passar para meus alunos/clientes depois de 6 meses testando eu mesmo.
É comum fazermos um curso no qual nos empolgamos com os exercícios aprendidos e logo usamos nos nossos alunos, contudo isso me parece utilizar que paga nosso salário como cobaia. Acredito que o mais correto é utilizar nós mesmos como cobaias e depois de alguns meses se aquilo realmente for interessante passamos para os alunos, mesmo quando utilizamos protocolos de treino que foram validados cientificamente. Testar em nós mesmo é importante pois percebemos as dificuldades e até as necessidade de adaptação dos exercícios. Sentindo na pele, temos mais argumentos para convencer um aluno da importância de fazer algo que as vezes ele não gosta muito de fazer.
Até a próxima